
Todos os dias ouvimos e/ou lemos notícias relacionadas com a crise ambiental que atravessamos e, apesar de a maioria das pessoas ter tendência para desvalorizar/ ficar indiferente, cada vez mais são as que sofrem de Eco-Ansiedade (com expressão crescente especialmente em crianças e jovens adultos).
Sabes aquela sensação de que todas as tuas mudanças individuais em prol do ambiente não são suficientes? Já conseguiste influenciar os teus familiares e amigos a serem mais sustentáveis e mesmo assim vês que as coisas estão cada vez piores? Tudo isto faz-te sentir que mudar o mundo para melhor é tarefa impossível e isso causa-te ansiedade? Muitas pessoas têm este sentimento de forma tão intensa que lhes afeta a saúde física, mental e até mesmo a vida social.
Aqui, vamos falar sobre a eco-ansiedade!
O que é?
Apesar da eco-ansiedade ter algumas caracteristicas em comum com a ansiedade clínica, a primeira não é uma condição médica reconhecida.
O mais próximo que há para explicar a eco-ansiedade é a definição da American Psychological Association, que descreve como "o medo crónico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras". No entanto, de acordo com a psicoterapeuta Caroline Hickmann no jornal Time, para a maioria das pessoas, a eco-ansiedade é uma resposta saudável à crise climática.
Quais as principais causas para o aumento da eco-ansiedade?
A eco-ansiedade é sentida de diferentes formas em todo o mundo.
- Mudanças climáticas e catástrofes naturais:
Num estudo realizado nas Malditas pela C. Hickmann, a ansiedade na população decorre de uma ameaça existencial, uma vez que devido ao aumento do nível do mar como resultado do aquecimento global, este país poderá ficar totalmente submerso até 2100.
Já nos países mais ricos do hemisfério norte, a eco-ansiedade não decorre do impacto imediato das alterações climáticas, mas sim da incerteza quanto ao futuro.
Um aspeto interessante de entender porque muitas pessoas ainda são indiferentes a tudo o que tem acontecido no mundo é que "as alterações e os danos que estamos a provocar no planeta não estão a ocorrer suficientemente rápido para que o nosso cérebro ou os nossos instintos de sobrevivência os considerem um perigo iminente" (Defender o Futuro, Leila Teixeira). Portanto, o problema é que para nós, quando nos deparamos com a notícia "em 2050 haverá mais plástico do que peixes no mar", por exemplo, o ano 2050 ainda está muito longe, os nossos instintos de sobrevivência não encaram este problema como imediato. Como tal, deixaremos andar até estarmos efetivamente perto de 2050 e aí gera-se o pânico.
- Desinformação:
Por conta do mundo digital, contantemente estamos expostos à informação mais variada, mas nem toda é fiável. Como tal, podemos desenvolver eco-ansiedade por não conseguirmos saber como podemos seguir um caminho mais susntentável.
Como é que a eco-ansiedade se manifesta?
Dicas para superar:
- Um passo de cada vez: Ser sustentável é um processo, é preciso tempo para nos adaptarmos.
- Ser sustentável não é ser perfeito: Todos os pequenos passos são importantes, mas se existir um dia que nos apetece comer ou fazer alguma coisa menos sustentável, está tudo bem.
- Pára de te comparares aos outros: O início da tua jornada por uma vida mais sustentável não é igual a quem já o faz há anos.
- Sabe quando desconectar: Ter acesso a muita informação pode causar stress, especialmente quando é imprecisa e tendenciosa. Desliga-te disto e procura informação confiável.
- Passa tempo na Natureza: Cria uma horta ou colabora com uma associação.
- Partilha o que sentes!
"Não precisamos de um grupo de pessoas a praticar o zero waste de forma perfeita, precisamos de milhões a fazê-lo de forma imperfeita", Anne-Marie Borreau. Pode parecer que os nossos esforços para tornar o mundo mais sustentável não são suficientes, mas o esforço de milhões muda o mundo!
Fontes:
time.com/5735388/climate-change-eco-anxiety/
mindthetrash.pt/eco-ansiedade/
iberdrola.com/compromisso-social/o-que-e-ecoansiedade